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A prática da carona entre estudantes universitários é explicada principalmente pelo fator econômico. O deslocamento constante para visitas à família, aos amigos e aos namorados justifica a alternativa de encher um carro e dividir a gasolina, favorecendo todos os lados do combinado. Ademais, viajar em grupo proporciona a socialização e pode tornar as viagens menos cansativas e mais agradáveis.


Contudo, a confiança depositada no motorista que levará um grupo até seu destino final pode ser bastante perigosa. No calor da emoção e na ansiedade para chegar logo à outra cidade, o caroneiro muitas vezes deixa de se preocupar com fatores como a segurança e a necessidade de experiência por parte do motorista para guiar um carro numa estrada. Confia no colega do amigo do amigo, numa corrente aventureira em que pode não haver muito espaço para a cautela.

Foi o caso de Josélia, natural de Cataguases, Minas Gerais, que formou-se em administração de empresas pela Universidade Federal de São João Del Rey. Hoje com 23 anos, ela conta um episódio  trágico de seus primeiros anos como universitária.


Como já estava habituada a pegar caronas até sua cidade natal, quando surgia um evento para ir com amigos não havia porque recusar uma caroninha. Num certo feriado do ano de 2009, Patrícia, uma amiga que morava com Josélia a chamou, juntamente com outras duas companheiras de casa, para acompanhá-la numa festa em Piuhmí, no parque de exposições da cidade. O cantor sertanejo Luan Santana se apresentaria e as amigas, fãs, não queriam perder a oportunidade.

Um conhecido de Patrícia, que era da cidade de Piuhmí e também estudava em São João Del Rey, foi quem deu a carona. No dia combinado para a partida, o tal menino se deu conta de que havia oferecido carona para mais pessoas do que seu carro permitia. Ciente de seu erro, conseguiu com outros amigos que iriam para o mesmo lugar uma forma de remanejar uma das amigas de Josélia em outro carro. Essa amiga se salvou. O carro em que Josélia estava rodou na pista, o motorista perdeu o controle e um caminhão os acertou em cheio. Josélia acordou somente 29 dias depois, já em Belo Horizonte, no Hospital João XXIII. Passou por 61 dias de internação no total, teve traumatistmo craniano, comprometimento pulmonar grave, perda de parte dos movimentos do braço direito, além de uma lesão na coluna cervical que comprometeu seus movimentos e, quando acordou do coma, foi recuperando gradualmente sua memória. Perguntou pelas outras pessoas que estavam com ela no carro, mas só foi saber quando teve alta que sua amiga, Patrícia, havia morrido na hora da colisão. Hoje, recuperada, a jovem diz que “restaram lembranças, algumas cicatrizes e uma saudade enorme”. Josélia afirma ainda que não guarda nenhum sentimento ruim em relação ao motorista do dia do acidente. No entanto, nunca mais pegou caronas e afirma ter aprendido uma lição.

O ônus de uma aventura

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